domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Maria-RS - Tragédia anunciada


O Brasil inteiro ficou chocado com o incêndio que vitimou mais de trezentas pessoas em uma boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Segunda estimativa do comandante do corpo de bombeiro do Estado havia em torno de mil pessoas no interior da boate, quando o incêndio começou.

Atualmente, com a proliferação de bandas de todo tipo musical abriu-se um mercado altamente lucrativo para os empresários, os quais utilizam espaços abertos ou fechados para a realização de shows, atraindo verdadeiras multidões.

A realização de eventos é um empreendimento empresarial como outro qualquer, entretanto, é necessário que os organizadores e o próprio estado garantam a integridade de todos aqueles que ali se encontram para se divertirem.

Infelizmente, no nosso país, talvez por acreditarem na impunidade, certos empresários e mesmo agentes de órgãos públicos, responsáveis pela fiscalização dessas casas de shows ou boates, não cumprem as exigências necessárias de segurança local.

Lembro-me que na França quando alguém reservava um simples auditório para apresentar a defesa de sua tese, mesmo para um público pequeno, imediatamente ele era chamado pela segurança da universidade para se deslocar até o local da apresentação e receber todas as informações necessárias, inclusive mostrando que as portas de saída de emergência deveriam estar todas destravadas.

No Brasil, é o contrário, nenhuma preocupação com a integridade do cidadão, mas depois que a tragédia acontece, autoridades se apresentam na televisão com discursos emocionados e dizem que vão exigir punição para os responsáveis.

Segundo o tenente-coronel Moises Fuchs, a licença contra incêndio da boate estava vencida desde agosto de 2012. Ora, neste caso, além dos empresários o estado também é responsável pela tragédia, pois não fiscalizou, permitindo que a boate funcionasse irregularmente.

Aqui na Paraíba é preciso que nossas autoridades fiscalizem com rigor as casas de shows e boates, verificando com frequência as licenças exigidas, portas de saídas de emergência e que viaturas de plantão observem durante o evento se no interior dessas casas não tem mais gente do que elas realmente suportam, evitando, assim, tragédias anunciadas.

Luiz Renato de Araújo Pontes
É Professor e Pesquisador da UFPB, Presidente do IDEP – Instituto UFPB de Desenvolvimento da Paraíba e Coordena o Laboratório de Materiais e Produtos Cerâmicos – LMPC/CT/UFPB.
Enviado por: Dami.Oliver