quarta-feira, 16 de novembro de 2011

No primeiro Seminário de Segurança da UFRJ, comunidade debate a segurança que deseja para a UFRJ

A UFRJ está em franca expansão e espera dobrar seu já enorme corpo social, formado por milhares de trabalhadores e estudantes. Novos condôminos a cada ano se agregam ao campus do Fundão. Com isso, a tendência é que também se ampliem os problemas de segurança. Quais são os planos para a segurança de um dos maiores entre os campi universitários do país e que equivale a dois grandes bairros do Rio de Janeiro? E para os demais que integram a UFRJ?

Entre os dias 8 e 10 de novembro, a comunidade universitária se reuniu para discutir justamente que segurança deseja para a UFRJ. Em uma iniciativa do GT-Segurança do SINTUFRJ e da Diseg, o 1º Seminário Segurança da UFRJ, realizado no auditório E2, na Faculdade de Letras, reuniu autoridades universitárias e especialistas para abordar as diversas faces do tema.

A programação prevista para os três dias englobou palestras dos mais diversos assuntos, desde soluções desenvolvidas em casa até a participação da UFRJ em grandes eventos, como o Rock in Rio, a Copa do Mundo e as Olimpíadas O público, amplo, era formado por profissionais de universidades de diversas regiões do país, como a UERJ, UFJF, UFU (Uberlândia), UFRS, e de Belo Horizonte, além, é claro, de muitos companheiros da UFRJ.

Abertura emocionante

O evento foi aberto com uma singela homenagem em memória ao vigilante Nelson Llopis Filho, morto em serviço em 2010. Um vídeo produzido peloArmazém de Ideias do SINTUFRJ apresentou imagens de diversos momentos de atuação da Divisão de Segurança da UFRJ, e em particular de Nelsinho. A viúva do companheiro, Marlene, ficou emocionada, assim como muitos dos presentes.

Na mesa de abertura, na manhã do dia 8, estavam o pró-Reitor de Pessoal, Roberto Gambine, o vice-prefeito, Paulo Mário, o diretor da Diseg, Jorge Trupiano, e Léia Oliveira, coordenadora-geral da Fasubra.

Noemi de Andrade, coordenadora-geral do SINTUFRJ e vigilante da UFRJ, explicou que a ideia de uma discussão mais aprofundada sobre o tema já era antiga: “A gente precisa discutir com seriedade as questões que envolvem o dia a dia do nosso trabalho e todos na Cidade universitária”.

Roberto Gambine destacou a importância da iniciativa ter partido dos trabalhadores. A diretora da Faculdade de Letras, Eleonora Ziller, ratificou a importância do encontro. O vice-prefeito da UFRJ. Paulo Mário abordou a trajetória da Divisão, lembrou que o último concurso para o quadro foi em 1989 e mostrou que a equipe se desdobra para obter os resultados que tem. Para ele, a Diseg vai além do que o trabalho exige e demonstra todo o comprometimento.

Léia Oliveira lembrou que a universidade não é uma ilha e que faz parte do contexto da cidade, inclusive quanto à violência. Para ela, a discussão da segurança faz parte da gestão estratégica que tem como ponto a ser discutido a questão da terceirização: “Não adianta construir programas, instalar instrumentos modernos se não tivermos gente”, disse, explicando que a Fasubra está empenhada na questão.

Trupiano destacou o nome de diversos companheiros que, ao longo dos anos, demonstraram compromisso com o serviço e mantiveram a Divisão. Ele também contou um pouco da história do grupo, mostrando o esforço até aqui, e apresentou otimismo com os compromissos assumidos pela nova administração.

Noemi de Andrade concluiu a abertura lembrando a morte do companheiro Nelsinho, o que despertou o coletivo para a necessidade de uma discussão mais aprofundada sobre temas tão delicados para o dia a dia da comunidade.

Segurança no campus

A primeira mesa de debates, na manhã do dia 8, contou com a presença do delegado da 37ª Delegacia de Polícia Delclécio Francisco de Assis Filho, que abordou o papel da Polícia Civil no contexto da segurança do campus. Juscelino Ribeiro, diretor operacional da Diseg, falou sobre o papel da Divisão.

O delegado Delclécio apresentou uma série de indicadores e comparações sobre as ocorrências na Ilha do Governador e especificamente no Fundão, que representam cerca de 2,5% do total. Ele apontou alguns elementos que fragilizam a segurança no campus, como falta de controle do acesso e monitoramento deficiente. O delegado apresentou elementos importantes para a solução de casos de sequestro, em particular a necessidade de registropor parte das vítimas.

“Não dá para falar da Diseg sem fazermos um resgate do ‘desaparelhamento’ que sofremos ao longo dos anos”, disse Juscelino Ribeiro em defesa da divisão, que teve grande parte de seu pessoal posto à disposição anos atrás. Segundo ele, há seis anos a Administração Central buscou resgatar a Diseg, com aquisição de pessoal e equipamentos: “A gente tem responsabilidade com a comunidade”;

Segurança e expansão

Na tarde do primeiro dia do seminário, a diretora da Faculdade de Letras, Eleonora Ziller, comandou a mesa que teve como tema “Crescimento e ocupação do campus”. Ela falou sobre a experiência com a segurança quando foi iniciada a implantação dos cursos noturnos na Letras. Eleonora contou que foi formado um grupo de trabalho (GT) dos cursos noturnos, depois de um movimento da Reitoria, para discutir a viabilidade doscursos noturnos e a necessidade da implantar algumas ações para resguardar os alunos num campus que à noite era praticamente vazio. 

A diretora fez mea culpa sobre o GT, pois não havia participação dos vigilantes. Eleonora disse que chegou a pensar que as rondas e os carros posicionados nos pontos de ônibus quando da saída dos estudantes fossem fruto da discussão do GT. Mas descobriu que a iniciativa foi uma ação da Divisão de Segurança (Diseg), e aproveitou para exemplificar a falta de ação integrada da comunidade. A diretora também falou sobre algumas iniciativas da faculdade, como a colocação de holofotes para iluminar o caminho e de câmeras voltadas para os pontos de ônibus.

Eleonora, ex-técnica administrativa e exdirigente do SINTUFRJ, destacou a importância da percepção da comunidade universitária sobre o trabalho da Diseg, que está presente nas rondas e nas unidades da UFRJ. Segundo ela, os carros e os vigilantes mostram que a comunidade não está desamparada e à mercê da própria sorte. Ela propôs ao final de sua fala e como resultado do debate a retomada do trabalho do GT, agora com a participação efetiva dos vigilantes da UFRJ.

Mozarte Simões, vigilante e coordenador da Associação de Servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentou as bases do plano de política de segurança para as instituições federais de ensino superior (Ifes). Ele traçou um histórico sobre a elaboração do plano, informando que este foi entregue à Fasubra e que será apresentado no XX Seminário de Segurança das Instituições Públicas de Ensino Superior entre os dias 28 de novembro e 3 de dezembro, em Pelotas (RS).

Mozarte tornou-se especialista no assunto, pois há seis anos estuda a área de segurança com ênfase nas universidades federais. Ele demonstrou a existência de uma política definida de segurança nos campi das universidades dos Estados Unidos como forma de mostrar a necessidade e a importância de existir também no Brasil uma política própria para os campi das universidades brasileiras. O vigilante discorreu também sobre a realidade da segurança na UFRGS, informando os avanços obtidos graças à mobilização e à iniciativa dos vigilantes da casa.Ele reafirmou a luta do segmento pela abetrura de concurso para vigilante discorrendo sobre as mobilizações e ações realizadas pelo país e no Congresso Nacional.

Novas Tecnologias

No segundo dia de evento, quarta-feira, 9, foi a vez da UFRJ mostrar que entende de segurança e que quer melhorar a do campus. Na palestra “Aplicações de novas tecnologias e ferramentas de segurança”, o primeiro palestrante, professor Antonio Carlos Thomé, do NCE, apresentou o projeto Kapta. Este é um sistema de monitoramento e controle de veículos, através do reconhecimento do número da placa, originado no ano 2000, segundo uma tese de mestrado. Implantado em 2006 nas três principais guaritas do campus, atualmente precisa de investimento financeiro para expandir e evoluir. 

O segundo a fazer a apresentação foi Fábio Domingos, representante de empresas de equipamento de segurança e policial federal aposentado. Fábio discursou sobre a importância de uma segurança eficiente e integrada, além de expor sobre diversas soluções de segurança existentes hoje no mercado. “Tudo depende do que o cliente quer”, finalizou.

Contradições da legislação

A tarde do segundo dia, 9, foi intensa. Como o debate pela manhã se estendeu, a primeira palestra da tarde só começou às 15h30 tendo os trabalhos terminado por volta das 20h. O tema “Legislação e suas contradições” teve como debatedores o pró-reitor de Pessoal, Roberto Gambine, o procurador da UFRJ, Renato Vianna, e Mozarte Simões.

Gambine falou sobre os esforços da Reitoria para abertura de concurso para vigilante, apresentou um levantamento sobre o quadro de vigilantes espalhado pelas demais unidades, sem estarem concentrados na Diseg (onde existe apenas 95), e defendeu a necessidade de a instituição continuar brigando por uma segurança própria. Segundo disse, existem 213 vigilantes em toda a UFRJ. Gambine informou também que a pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) está começando a fazer um trabalho de convencimento com estes profissionais para que integrem o efetivo da Diseg. 

Mozarte falou logo após Gambine, e em sua explanação apresentou toda uma argumentação, inclusive jurídica, para respaldar a defesa de que o cargo de vigilante não está extinto, conforme o Ministério do Planejamento faz crer. O procurador Renato Viana assinou embaixo da argumentação de Mozarte, parabenizando o vigilante pelo trabalho realizado. Ele reafirmou que o cargo de vigilante não está extinto e muito menos em extinção. Viana falou do trabalho e da posição da Procuradoria em relação à demanda de segurança própria da UFRJ e do apoio à abertura de concurso. O procurador sugeriu que seja levado ao Consuni um regimento da Vigilância da universidade, pois o que é aprovado no colegiado tem força de lei. Ele se colocou à disposição do Sindicato e dos vigilantes para qualquer apoio que se fizer necessário para a abertura de concurso e defesa do cargo de vigilante.

Já no final da tarde duas mesas foram reunidas, a de Carreira e a de Aposentadoria Especial. Os palestrantes foram Gildelia Maria, diretora de Legislação da PR-4, que falou sobre aposentadoria especial e Léia Oliveira, coordenadora-geral da Fasubra, que apresentou a carreira dos técnicos-administrativos em educação mostrando sua trajetória e explicando contradições, dificuldades e desafios. Em sua explanação, ela defendeu que os vigilantes não podem estar fora do princípio pedagógico da carreira, que é a identidade como trabalhador em educação. Neuza Luzia, coordenadora-geral do SINTUFRJ, encerrou o debate dizendo sobre a necessidade de se refletir sobre qual a carreira que queremos e podemos ter, haja vista o futuro que se avizinha. Ela destacou que é preciso pensar uma forma de viabilizar a ascensão funcional na carreira dos TAEs.

Grandes temas

Para o último dia, a expectativa era grande. Na programação, assuntos relacionados aos grandes eventos esportivos que irão ocorrer no Rio de Janeiro e seus impactos. “Eventos internacionais - Como a UFRJ está inserida nos seguintes eventos: Rock in rio 2013, Copa do mundo (2014) e Olimpíadas (2016)” foi a primeira palestra do dia. Outro ponto alto foi a integração do campus com a Via Transcarioca, além dos temas, segurança e saúde epolícia universitária.
Fonte: Jornal do SINTUFRJ

Enviado por: Wesley Marques

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