quarta-feira, 5 de junho de 2013

Humilhações dos calouros são exibidas pela internet

Vídeos disponíveis no YouTube mostram pelo menos dois trotes que ocorreram este ano na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os novatos do sexo masculino do curso de física percorreram algumas ruas do câmpus Pampulha sujos e entrelaçados, formando uma espécie de “trenzinho”, abraçados. Ao mesmo tempo eles entoavam canções em voz alta, sempre provocando alunos das engenharias. Outros que também apareceram sujos foram os calouros de comunicação social. No vídeo postado na internet os veteranos fizeram uma brincadeira com o personagem Harry Potter e os novos estudantes, colocando os alunos nas imagens do filme.


No geral, a maioria dos trotes aplicados na UFMG deixa os calouros muito sujos. O mais comum é tingir o corpo e pegar objetos dos alunos recém chegados, como os calçados. Os veteranos só devolvem tênis e sapatos por uma certa quantia, que costuma ser arrecadada nos sinais de trânsito para a compra de bebidas alcóolicas que são consumidas nos bares perto do câmpus. Apesar de os trotes tradicionais ainda serem comuns, alguns cursos desenvolvem medidas alternativas, como festas ou ações sociais para arrecadar donativos. É o caso do curso de história, que organiza uma festa para receber os futuros historiadores, e também de ciências biológicas, que faz um almoço para os calouros.

A integrante do Núcleo de Comunicação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG, Isabella Reges, de 23 anos, informou que a entidade pretende promover um debate sobre o trote, pois os próprios alunos gostam de organizar os rituais de recepção. “O DCE é contra as práticas de coação, mas os estudantes também têm que ter liberdade. Nosso objetivo é mudar o padrão, incentivando as práticas de bom exemplo, como a arrecadação de donativos”, diz ela. Aline Roque, de 21, que é membro do Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia, acredita que há um movimento em curso para eliminar os excessos, mas reconhece que ainda existe coação. “Acaba que muitas vezes o calouro participa para não ser excluído. Somos a favor da integração, mas totalmente contra a violência física e moral”, diz ela. Por meio de nota, a UFMG informou ser contrária ao trote e estabelece punição de advertência, suspensão ou desligamento do aluno que atentar contra a regra.

ALFENAS

Na Universidade Federal de Alfenas (Unifal) a situação se repete. Um vídeo disponível na internet mostra o trote para recepção dos calouros de farmácia, em 2005, traz cenas de muita sujeira, calouros lambendo objetos com preservativos, entre outras situações constrangedoras. Longe dos olhos da universidade os trotes chegam a ser pesados, com incentivo ao consumo de bebidas alcoólicas e brincadeiras vexatórias.

Boas práticas

Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o curso de arquitetura e urbanismo não teve o trote tradicional. Segundo o aluno João Marcos Domingos Silva, de 20, a recepção teve uma aula trote, com entrevistas feitas pelos veteranos com calouros, tudo em clima de farra. “Ao longo da semana realizamos palestras e oficinas com os calouros durante o dia. À noite fazemos as festas tradicionais da arquitetura, como o Luau, a Pizzada e a Festa do Chapéu, diz ele. O diretor de Assuntos Estudantis da UFU, Leonardo Barbosa e Silva, reconhece a ocorrência do trote dentro da universidade, apesar da proibição desde os anos 1990. “Os trotes são espalhados, em momentos diferentes”, diz. Segundo ele, os vigilantes estão orientados e conter qualquer uma dessas manifestações e todos os anos as práticas de boas-vindas são debatidas com a comunidade acadêmica. “Tentamos substituir o trote por práticas culturais.”

Fonte: em.com.br

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