segunda-feira, 23 de maio de 2011

Ações de segurança na UnB são insuficientes

Escrito por Amanda Martimon
01 de maio de 2011
Conselho Comunitário de Segurança da UnB decidiu, em agosto passado, elaborar um novo plano de segurança. Nove meses depois o plano não foi feito e promessas não foram cumpridas. O debate sobre falta de segurança na UnB foi intensificado, em 2010, pelo estupro de uma aluna em março, tentativa de sequestro na Faculdade de Estudos Sociais Aplicados (FA), em julho, e assalto à mão armada no estacionamento do ICC norte no mês de setembro. Mas até agora, poucas medidas foram tomadas.

O prefeito dos Campi, Paulo César Marques, admitiu que o Conselho tem trabalhado em ritmo muito lento. O plano não foi lançado ainda, segundo ele, porque tentaram contratar consultoria especializada para elaborá-lo e a licença necessária para o serviço não foi obtida pelo departamento jurídico da universidade. Diante disso, o Conselho de Segurança resolveu elaborar o plano sozinho, mas não houve avanços.

Iluminação foi um dos pontos considerados críticos pelo Conselho. Em março do ano passado, estava em processo de licitação projeto para instalar mais mil pontos de energia e reestruturar os dois mil já existentes. A previsão era terminar a obra, orçada em R$2,6 milhões, em outubro. Até o final do ano, apenas a primeira etapa do novo sistema de iluminação foi concluída. Pontos de ônibus e estacionamentos foram os locais mais reforçados. O prefeito afirma que hoje o projeto está praticamente finalizado, mas há intenção de ampliá-lo.

Outra solução proposta foi implantação de sistema de monitoramento com câmera. Quinze foram adquiridas e começarão a ser instaladas em três meses. Os locais já foram mapeados com foco nos principais acessos de pedestres e veículos. O controle de acesso aos prédios da universidade com identificação também foi proposto, mas depende da conclusão do plano de segurança.
Carro estacionado no ICC sul com objetos à mostra - Foto: Pedro Moraes
Policiamento

De acordo com o soldado Alves do 3º batalhão da polícia militar do DF, responsável por cobrir o campus Darcy Ribeiro, o maior problema registrado é de furto de objetos do interior de carros. Pertences de valor deixados a vista chamam a atenção dos ladrões. Estepes também são foco dos roubos, principalmente dos modelos em que ficam presos do lado de fora, na parte traseira. Os locais em que há mais ocorrências são: ICC, BCE, Reitoria e FT.

Charles Brindeiro, estudante de Engenharia Civil, já teve o carro arrombado três vezes no estacionamento da FT. Na primeira, levaram um violão, que estava no porta-malas. Mas nas outras duas, os objetos roubados (estepe, mochila, casaco e caixa de CDs) estavam visíveis. Além do descuido com os pertences, o soldado Alves alerta para o perigo de certos hábitos como dormir, namorar, estudar e usar drogas dentro de carros nos estacionamentos da UnB. “A polícia do campus não consegue abordar a todos e sabe que, na verdade, a maioria é estudante mesmo. Mas já teve caso de um casal de ladrões que se passaram por namorados para nos despistar.”

Foram cobradas da prefeitura providências que colaborassem com o policiamento no campus. Para a PM, a iluminação ainda é muito deficiente, principalmente no estacionamento do ICC Sul e na FE, em que há pouca movimentação. As árvores do ICC também deveriam ser podadas com frequência para facilitar a visão dos policiais e seguranças.

Reivindicações ainda sem solução
Terreno baldio foi cercado, mas tem abertura e estudantes 
ainda passam por lá - Foto: Pedro Morais




Após reagir a uma tentativa de sequestro à mão armada no estacionamento da FA no ano passado, aluna de Ciência Política pediu ajuda ao porteiro do prédio. Na ocasião, não havia rádio para comunicar o ocorrido à segurança do campus e à polícia. A prefeitura anunciou que faria licitação para equipamentos e pessoal até o final de 2010. Nenhuma providência, por enquanto, foi tomada.

“É um absurdo que há 40 anos seja o mesmo problema.” Para o chefe da Coordenadoria de Proteção ao Patrimônio (CoPP), Edmilson Lima, os problemas se repetem todos os anos porque falta investimento crescente e contínuo. Em abril de 2009, o CoPP apresentou à prefeitura um plano que pedia contratação de mais porteiros, seguranças, brigadistas e novo sistema de comunicação. Assim como os equipamentos, o quadro de pessoal não sofreu alteração. A UnB continua com 120 vigilantes orgânicos, 120 vigilantes terceirizados e 490 porteiros. Faltam também cursos de capacitação para esses funcionários. O último oferecido foi em 2009.

Na última quarta-feira (27), vigilantes evitaram estupro no ICC norte. A aluna participava de festa que acontecia no Teatro de Arena e utilizava o banheiro do prédio, quando foi abordada. A equipe da UnB acompanhou a estudante até a delegacia e evitou o linchamento do indivíduo. Em março do ano passado, estudante de Letras foi vítima de estupro ao passar por terreno baldio entre a FE e a L2 norte. Foi pedido ao dono do terreno que a área fosse isolada e o mato aparado. Hoje o local está cercado, mas há abertura para passagem.

Transporte gratuito para a L2 norte faz parte das reivindicações dos estudantes. O prefeito, Paulo César Marques, disse que a UnB não tem autorização do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). Os ônibus da universidade só podem fazer percursos que liguem suas próprias instalações, como é o caso dos que circulam entre os campi. Mas é disponibilizado transporte para o HUB, que passa pela avenida e é utilizada pelos alunos. Muitos, porém, fazem o trajeto a pé e reclamam que os ônibus não têm horário certo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário