terça-feira, 17 de abril de 2012

ESTUDANTE É ESTUPRADA NA UFJF - UNIVERSIDADE VAI REVER REGRAS PARA FESTAS

O estupro de uma adolescente paulista, de 17 anos, que teria acontecido durante festa de recepção aos calouros do Instituto de Artes e Design (IAD), na UFJF, na noite da última sexta-feira, leva a instituição a reativar uma comissão de discussão para a criação de regras mais rígidas para eventos e trotes no campus. A expectativa é de que comunidade acadêmica, polícias e Ministério Público participem da discussão. A ocorrência, considerada grave, não é a única que aponta para a violência contra acadêmicos da instituição. Em março, um calouro de arquitetura e urbanismo, 17, passou mal em via pública e precisou ser levado ao HPS após consumir bebida alcoólica durante o trote. Com o corpo pintado e as roupas rasgadas, ele foi encontrado caído na calçada, na Avenida Presidente Itamar Franco (antiga Independência), no Centro.

Os casos também reabrem a discussão sobre as festas regadas a bebidas alcoólicas nas instituições de ensino. No caso da adolescente, a suspeita é de que ela tenha sido induzida a tomar um drinque e ingerir uma substância que a teria deixado desacordada, sendo possivelmente abusada por um dos frequentadores do evento. A ocorrência mobilizou representantes da Câmara Municipal e do Ministério Público, que se reuniram às pressas, na noite de domingo, no Palácio Barbosa Lima, com os pais da vítima. Juntos, eles pretendem traçar ações que possam levar mais segurança aos eventos universitários.

A violência no campus aconteceu na mesma semana em que o Ministério Público Federal de Uberlândia ajuizou ação civil pública, solicitando a proibição do uso, porte, guarda e comercialização de bebidas alcoólicas em todos os campi da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O procurador da República, responsável pela ação no Triângulo Mineiro, Frederico Pellucci, diz que a atitude foi adotada após registros de ocorrências graves, envolvendo até morte, em 2009. "O problema é que o crescimento dos eventos (na UFU) não foi acompanhado de incremento das instalações para abarcar grandes públicos. E também, por parte da universidade, não houve o correspondente aumento da fiscalização para averiguar a regularidade das festas e coibir eventuais excessos. Digo isso para Uberlândia, mas acredito que, em outros municípios, a situação não seja diferente. Fazem as festas do jeito que querem, com bebidas, som alto, sem regras, e a segurança nas instituições, na maioria das vezes, é só patrimonial."

A UFJF informou que há seguranças espalhados no campus, além de 212 câmeras de monitoramento. A instituição adiantou, ainda, que, em 60 dias, será divulgado edital de licitação para aquisição de equipamentos com raio infravermelho. Em nota oficial, a universidade lamentou o caso e afirmou que a festa denominada "Calorarte" foi promovida pelos próprios estudantes do IAD, não sendo realizada por órgão institucional ou unidade acadêmica da UFJF. "O caso está sendo conduzido pelos órgãos competentes, e serão instalados procedimentos internos de apoio às investigações das autoridades policiais", informou a instituição.

O diretor do IAD, Ricardo Cristofaro, disse que, paralelamente, também irá desenvolver uma apuração interna acadêmica, já que o caso envolve alunos do instituto. "Está tudo muito prematuro, mas vamos apurar para, se for o caso, punir os responsáveis." O Diretório Acadêmico (DA) do IAD informou que "a festa foi realizada por alunos do segundo período, mas que foi organizada, com convite pago e contratação de três seguranças".

Até o fim da tarde, polícias Civil e Federal não haviam sido oficiadas sobre o registro do estupro. Conforme a Polícia Militar, que registrou o crime, no sábado, após ser acionada na Santa Casa de Misericórdia, a ocorrência foi encaminhada, na tarde de ontem, via ofício, para as duas instituições, para que decidam sobre a competência do caso.

Perícia médica constata violência sexual

A vítima deu entrada na Santa Casa de Misericórdia após acordar, no sábado, e sentir desconforto e dores nas partes íntimas. No hospital, foi verificado indícios de estupro, e a PM acionada. Uma colega de classe da vítima, 21 anos, relatou aos policiais que havia deixado a amiga no evento, por cerca de 40 minutos, na companhia de outros jovens. Ao retornar, teria encontrado a garota descomposta e com arranhões nos braços. Ela teria levado a estudante para sua casa e, no dia seguinte, acompanhado a adolescente na consulta médica, por já suspeitar que ela poderia ter sofrido abuso sexual.

Após o atendimento na Santa Casa, a adolescente foi submetida a exame de corpo de delito no Hospital de Pronto Socorro (HPS). Conforme a PM, o crime foi constatado durante a perícia médica. A ocorrência foi acompanhada pela conselheira tutelar Delfina Mônica Costa, já que os pais da jovem moram no interior de São Paulo.

"Fizemos o acompanhamento, inclusive no hospital. Ela recebeu atendimento ambulatorial, mas não precisou ser internada. Agora, vamos informar o ocorrido à Vara e à Promotoria da Infância e Juventude. Se o fato ocorreu mesmo na universidade, é muito preocupante, porque a festa tinha bebidas para adolescentes." Na manhã de ontem, ela e o vereador Noraldino Júnior (PSC) acompanharam os pais da vítima até a 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Santa Terezinha.

"Fui acionado pelo Conselho Tutelar como presidente da Comissão Antidrogas da Câmara. Como ela teria tomado só essa dose e ficado desacordada, suspeitamos que fosse algum entorpecente. O fato é que ela desacordou e, quando voltou, estava com sangue nas pernas e muito grogue. O próprio laudo apontou que ela era virgem. Vemos com decepção o fato de eles (família) terem escolhido a cidade e voltarem com uma imagem tão negativa."

Pais vieram às pressas do interior de SP

Informados no final da noite de sábado sobre o estupro da filha mais velha, os pais da vítima viajaram às pressas do interior de São Paulo para poderem encontrar a jovem que mora há apenas 45 dias em Juiz de Fora. "Às 23h30, a conselheira tutelar me ligou e falou que havia acontecido um problema, que minha filha havia sido estuprada. Viemos imediatamente. Ela me disse que lembra de ter ido com uma pessoa para um lugar escuro atrás do prédio, mas estava completamente dopada e não tinha como reagir", disse a mãe da jovem, 40 anos.

A responsável pela garota acredita que o caso poderia ter sido evitado. "A UFJF, até agora, não entrou em contato conosco. As investigações nem começaram. Talvez, se agissem mais rápido, o culpado pudesse ser pego, já que eles têm o nome de todos os alunos. O que aconteceu com minha filha foi muito sério. Se tivesse mais segurança no campus, nada disso teria ocorrido. Ela me ligou e pediu para ir. Só deixei porque jamais pensei que isso pudesse acontecer no prédio e dentro da universidade em que ela estuda", disse a mulher no final da manhã de ontem, quando procurou ajuda na 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Santa Terezinha. "Vou entrar com processo contra a instituição e contra o responsável pelo evento. Ela passou em três universidades e optamos pela UFJF. Mandei minha filha para a instituição que considerávamos melhor e mais segura. Ela era virgem e, agora, estou levando minha filha para casa desse jeito. Vai passar, mas vai demorar e vai ser difícil."

O ato foi considerado brutal pelos estudantes. Coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Felipe Fonseca, classificou o episódio como "violência bárbara". Ele ressaltou que a situação reforça o machismo da sociedade, problema que também afeta a universidade, evidenciado, principalmente, nos trotes e nas calouradas. "Vamos fazer uma campanha, por meio de um informativo, a partir de quarta-feira (amanhã), e o caso do estupro, com certeza, vai estar presente. Precisamos resgatar o debate dentro da UFJF."

Representantes do Coletivo Feminista Maria Maria - Mulheres em Movimento, núcleo da Marcha Mundial de Mulheres em Juiz de Fora, também repudiou o ato e disse que a discussão precisa ser mais ampla. "Como grupo de mulheres criado e organizado na UFJF para debater e promover ações que discutam a mulher na universidade e na sociedade em geral, é inaceitável que o caso seja tratado apenas como problema de segurança no campus, sem levantar o debate de violência contra a mulher, que deveria ser o foco do caso."

Fonte: Tribuna de Minas

Segundo seguranças da UFJF, os fatos ainda estão sendo apurados, pois estão mau contados.
1º - A vigilância da UFJF não foi acionada e nem tomou conhecimento do fato ocorrido;
2º - Tudo o que ficamos sabendo foi via imprensa;
3º - Até a presente data ainda não tivemos acesso ao boletim de ocorrência;
4º - E pior de tudo, até agora a Policia Federal e a Policia Civil estão verificando quem será a responsável pela apuração dos fatos.

Quanto a morte ocorrida em Uberlândia, esta ocorreu porque um vigilante terceirizado atirou contra um rapaz que tentava roubar uma moto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário