terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Audiência pública pede ações imediatas sobre segurança em campus da UFRGS

Audiência pública abordou a necessidade da presença da Brigada Militar no campus da UFRGS |  Foto:  Marcelo Bertani/Agência AL-RS

Após três atentados sexuais e outras ocorrências criminais registradas com estudantes e funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Assembleia Legislativa do RS mobilizou audiência pública para debater a segurança no campus. As comissões de Cidadania e Direitos Humanos, de Segurança e Serviços Públicos e de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia se reuniram com os representantes da segurança pública do estado e comunidade acadêmica nesta segunda-feira (17). Na ocasião, foi montado um grupo de trabalho para seguir discutindo as soluções para o problema do campus do Vale, no bairro Agronomia, em Porto Alegre.

Foram discutidas questões de médio prazo e outras imediatas para tentar inibir as ocorrências. Entre as soluções imediatas, ficou acordado que o grupo de trabalho irá envolver as universidades privadas no debate sobre a segurança, criar um plano emergencial de segurança para o Campus do Vale da UFRGS, analisar o contrato de prestação de serviços entre a empresa terceirizada Rudder e a universidade e estudar a possibilidade de um convênio entre Polícia Federal, Polícia Civil e Brigada Militar para melhoria da segurança no campus do Vale da UFRGS. Também foi consenso a necessidade de exercer pressão sobre o Ministério da Educação para que se realize concurso público e aumente o efetivo de seguranças contratados pela universidade, o que deverá ocorrer a partir de 2013.

A Associação Nacional dos Seguranças Universitários alertou que o último concurso realizado já tem quase 20 anos. “O último concurso foi em 1994, no qual eu entrei. Eu estudo o tema há oito anos e alerto que do jeito que está a violência tende a aumentar. Se a situação estivesse tranquila não estávamos aqui fazendo esta audiência”, disse o presidente da entidade, Mozarte Simões. Segundo Simões, as principais ocorrências nos campus das universidades federais brasileiras não são de pequenos furtos ou assaltos. “São estupros e violências de grande vulto. Até homicídios. A nova onda também está sendo assalto a bancos que funcionam dentro das universidades”, falou. Um dossiê com o levantamento das ocorrências no último período foi entregue às comissões.

O deputado estadual Mano Changes (PP) falou que dará encaminhamento ao material no grupo de trabalho que será constituído na Assembleia Legislativa gaúcha. Outros dados coletados pelos estudantes da UFRGS também foram entregues na ocasião. Segundo a presidente do DCE da UFRGS, Nathália Bittencourt, os problemas de segurança no campus da universidade são crescentes. Ela sugeriu, entre outras coisas, que seja estudado e implementado um plano de segurança na UFRGS, com a revitalização do ambulatório médico do Campus do Vale, a contratação de seguranças universitários e treinamento dos funcionários para atendimento emergencial de saúde.

Recentemente um estudante passou mal dento da universidade e não teve atendimento de urgência, vindo a falecer. Em outubro deste ano uma funcionária sofreu tentativa de estuproquando caminhava por uma das ruas de acesso à administração no campus do Vale. Na audiência, o delegado Nedson Ramos de Oliveira falou que o suspeito do ataque foi identificado, mas foi assassinado na Lomba do Pinheiro em circunstâncias que não teriam a ver com o caso da UFRGS. “Os demais casos ocorridos no campus estão com investigações em andamento”, garantiu o delegado.

Representando a Secretaria Estadual de Segurança Pública na audiência, Oliveira também sugeriu que a UFRGS crie um segundo perímetro de segurança que possibilite a identificação das pessoas que ingressam no campus.

A segregação no campus é vista pela professora Bernadete Menezes , da Associação dos Servidores da Ufrgs (Assufrgs), como um aspecto negativo e que contribui com a violência no campus. “Já fizeram o muro que separa o campus da Vila em frente, o que aumenta o isolamento da comunidade acadêmica e é uma medida pouco comunitária”, disse. Ela também critica a terceirização da segurança no campus para a empresa Rudder. “Eles não têm conhecimento e proximidade com os alunos e professores. A segurança na universidade deve ser comunitária e orientar preventivamente”, falou.

Presença da Brigada Militar no campus gera polêmica
Documentos entregues na audiência serão norteador do grupo de trabalho que irá propor soluções imediatas à universidade | Foto:  Marcelo Bertani/Agência AL-RS

Outra possibilidade que gerou polêmica entre as alternativas para a insegurança na UFRGS foi a presença da Brigada Militar dentro do campus. Após a última tentativa de estupro no Vale, em outubro, a BM passou a reunir com os responsáveis da segurança no campus e a empresa terceirizada para uma atuação ostensiva que contribua com o trabalho dos agentes.

Apesar da universidade federal não ser jurisdição da Polícia Militar, a falta de atenção do governo federal para com a questão exige respostas locais, explicou a comandante Nádia Gerhard. Segundo ela, os representantes da universidade e dos bancos que funcionam na instituição tiveram descaso com o tema e foram ausentes aos encontros. “Como se não houvesse necessidade de se preocupar. Parece que não há preocupação com a segurança do campus. Temos que atuar antes, não só na ocorrência”, alertou.

Na visão da policial, a discussão sobre a segurança no campus deve envolver todo comportamento que, em sua visão, gere ou alimente o ciclo da violência. “A falta de atendimento em uma urgência, crime de entorpecentes, crimes contra a vida e até menores como furtos. O mesmo que fumou uma maconha e roubou um celular poderá ser o futuro autor de um crime mais grave”, considerou.

Os estudantes presentes à audiência repudiaram a presença da Brigada Militar no campus. “Sou contra, pela repressão à expressão dos estudantes e manifestações estudantis, em que geralmente a BM intervém de forma contundente. Não quero distorção do discurso dos estudantes que são contrários, não estamos dizendo que somos contra segurança no campus, mas queremos discutir que segurança está nos sendo oferecida”, falou a estudante Georgia Manfroi.

Para Guilherme Rolim – estudante presente ao manifesto que pedia mais debate sobre a instalação do Parque Tecnológico da UFRGS, em março de 2010 e que resultou em conflito com a BM – a presença dos policiais não irá resolver o problema da segurança. “Sugeriu-se aqui de olharmos para o exemplo das universidades particulares. Mas na PUCRS, por exemplo, há policiamento e segurança privada e o reflexo disso é que não é possível o movimento estudantil se organizar. É proibido inclusive colar cartaz e andar nos corredores”, falou.

“Não devemos olhar o passado, a ditadura não existe mais”, diz comandante da BM

Quando os estudantes fizeram referência à herança da ditadura militar que estaria refletida na postura repressiva de parte da corporação, houve reação dos representantes da Brigada Militar presente. Chegou a ocorrer uma exaltação dos ânimos. “O Instituto de Filosofia e Ciências Humanas foi jogado no campus do Vale durante a ditadura para silenciar os estudantes. Enquanto há países que já acabaram com as polícias militares, a nossa tem cada vez mais inserção na sociedade”, criticou a jovem Georgia.

A comandante da BM Nádia Gerhard disse que “não devemos olhar para o passado. Se quisermos avançar, temos que olhar para frente. Estes alunos são tão jovens que nem viveram aquela época. A ditadura não existe mais. Isso não acontece hoje”.

A Reitoria foi convidada para participar da audiência pública e não enviou representante. Segundo a assessoria de imprensa da UFRGS, “a universidade está tratando do assunto em âmbito interno e as demandas que vierem da sociedade serão acolhidas nas devidas instâncias”.
Por: Rachel Duarte
Fonte: Sul 21


Grupo discute segurança no Campus do Vale da Ufrgs na Assembleia Legislativa

Deputado Mano Changes lidera os trabalhos

O deputado Mano Changes e a presidente do DCE, Natália Bittencourt, em reunião com as Comissões para tratar da segurança no Campus do Vale. Crédito: Marcelo Bertani / Agência ALRS / CP

Um grupo de trabalho será criado na Assembleia Legislativa para discutir a segurança no Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A decisão foi anunciada pelo deputado Mano Changes (PP), que nesta segunda-feira coordenou os trabalhos conjuntos das comissões de Cidadania e Direitos Humanos, de Segurança e Serviços Públicos e de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, que tratou da segurança no Campus do Vale.

Changes ressaltou que será garantida a pluralidade das representações de entidades e associações no debate que será realizado pelo grupo de trabalho a ser instituído. Ele disse que serão abordados temas como a realização de concurso para seguranças universitários e debater com universidades privadas métodos preventivos de segurança. Além disso, o grupo pretende criar um plano emergencial de segurança para o Campus do Vale, analisar o contrato de prestação de serviços das empresas de segurança que atuam no local e estudar a possibilidade de um convênio entre Polícia Federal, Polícia Civil e Brigada Militar para melhoria da segurança no Campus do Vale.

A presidente do DCE, Natália Bittencourt, disse que os problemas de segurança no campus da universidade são crescentes. Ela defendeu que seja estudado e implementado um plano de segurança na universidade e contratado seguranças universitários e que seja feito o treinamento dos funcionários para atendimento emergencial de saúde. 

Mozarte Simões da Costa, representante da Associação dos Servidores da Ufrgs (Assufrgs), ressaltou que o último concurso para o cargo de seguranças universitários foi realizado em 1994 e que os agentes atuam sem os equipamentos necessários para exercer a função. “Em termos de segurança, a medida mais urgente para as universidades brasileiras é a realização de concurso público para a contratação de vigilantes”, alertou.
Fonte: Correio do Povo

Assembleia cria grupo para debater segurança em campus da UFRGS

Três casos de estupro foram registrados esse ano no Campus do Vale.
Assaltos e outros crimes levaram estudantes a protestar por segurança.
Um grupo de trabalho será criado na Assembleia Legislativa para debater a segurança no Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. O tema foi assunto de audiência pública conjunta nesta segunda-feira (17).

O assunto veio à tona recentemente, depois que uma jovem de 22 anos foi agredida e sofreu uma tentativa de estupro no dia 4 de outubro. Uma outra vítima relatou ter sido sequestrada e estuprada, em julho. Há registro também de outro estupro consumado esse ano no local. A maioria das vítimas, no entanto, não costuma registrar os crimes mais frequentes, como assaltos, dentro das dependências da universidade.

Coordenador dos debates, o deputado Mano Changes (PP) afirmou que o encontro foi positivo. A proposta do grupo de trabalho é criar um plano emergencial de segurança para o Campus do Vale, além de estudar a possibilidade de um convênio entre Polícia Federal, Polícia Civil e Brigada Militar para melhoria da segurança no campus.
“Tenho certeza que todas as entidades aqui representadas terão assento seguro em relação a este debate que vamos fazer sobre a segurança no Campus do Vale”, afirmou o parlamentar.

Representante da Secretaria Estadual de Segurança Pública, o delegado Nedson Ramos de Oliveira sublinhou que a jurisdição para atuar nos campi da UFRGS pertence à Polícia Federal e que a Polícia Civil já esclareceu dois casos de estupro tentados e um consumado, ocorridos na instituição e 2012.

Também participaram do encontro a comandante do 19º Batalhão de Polícia Militar, a tenente-coronel Nádia Gerhard; a presidente do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior de Porto Alegre (Adufrgs Sindical), Maria Luiza Ambros von Holleben; a presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Nathália Bittencourt; e o representante da Associação Nacional dos Seguranças Universitários, Mozarte Simões; e o presidente da Associação de Moradores do Bairro Jardim Universitário, Jessé Sangali de Melo.
Do G1 RS



Enviado por: Mozarte - UFRGS

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